domingo, 27 de julho de 2014

SER MULHER NEGRA

SER MULHER NEGRA
Ser mulher negra não é ser morena escura,
moreninha,
escurinha ou mulata.
Ser negra é ser NEGRA.
Ser mulher negra é ter que lutar
para não ter seus direitos inviabilizados,
lutar por cidadania.
Ser mulher negra é assistir propagandas
e não se ver representada.
Ser negra é ter suas referências ocultadas
pela História
pela cultura de massa.
E, por isso, ouvir desde criança:
“seu cabelo é ruim,
seu nariz é feio,
sua pele é escura demais.”
Ser mulher negra
É conhecer a rejeição, superá-la sozinha
E, a partir daí, afirmar
- meu cabelo é bom
meu nariz é lindo
e a minha pele é escura o suficiente
Afinal, racistas falam tanta bobagem...
Ser mulher negra é
ter seu corpo hipersexualizado e erotizado:
“A cor do pecado serve à satisfação do falo
B R A N C O
E não é apropriada para relacionamentos duradouros e compromissados”
Ser mulher negra é buscar igualdade
numa sociedade edificada
a partir de anos de exploração dos escravos africanos e seus descendentes.
Ser mulher negra é sentir na pele.
É identificar-se nas pesquisas:
temos os menores salários e somos maioria entre as que sofrem violência doméstica.
Como é doloroso e constrangedor o racismo institucional!
Ser mulher negra é tornar-se negra, é tomar consciência dessa negritude.
Saber que nem todos os feminismos falam sobre nós ou para nós e, por isso, ter que gritar o quanto for possível, para que não nos silencie, até dentro dos espaços de organização da luta feminista. Entender que o movimento deve combater a opressão racial, porque NÓS não seremos livres enquanto existir racismo.
Ser mulher negra é olhar para trás e ver Dandara, Tereza de Benguela e Anastácia: guerreiras combatentes na luta contra a escravidão.
É ter orgulho da sua ancestralidade.
Ser mulher negra é reverenciar o dia 25 de julho, o nosso dia.


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